sábado, 11 de agosto de 2012

RECORDAR É REVER: KICKBOXER - O DESAFIO DO DRAGÃO.

Pegando a mesma fórmula do seu grande sucesso O Grande Dragão Branco, Van Damme arrebenta num dos melhores filmes de artes marciais não estrelados por um oriental.

O ditado popular que diz que não se mexe em time que está ganhando pode ser bem aplicado a sétima arte. Se uma fórmula simples deu certo, vamos repeti-la exaustivamente. Quando estourou em O Grande Dragão Branco, o baixinho belga foi considerado o novo Bruce Lee e mesmo tentando se inovar, dois anos depois voltou a encarar um ringue no ótimo, mas quase semelhante Kickboxer - O Desafio do Dragão. Na trama, Van Damme é Kurt Sloan, um jovem lutador inexperiente que serve como treinador do seu irmão mais velho Eric (o lutador Dennis Alexio). Após ganhar o título, o cara inventa de ir a Tailândia para provar que é bom mesmo, mas, leva uma surra do lutador local Tong Po (Michel Qissi), que o deixa parapélgico. Em busca de vingança, Kurt é apresentado ao mestre Xian (o simpático Dennis Chan), que o treina. Kurt começa a ganhar algumas lutas locais, chamando atenção do terrível Po, encarando o feioso numa luta mortal à moda antiga tailandesa.

Nitidamente com orçamento bem baixo, Kickboxer - O Desafio do Dragão é um filme de artes marciais divertidíssimo, como ótimas sequências de ação e um Van Damme carismático, que além de lutar muito bem, ainda desenrola bem como ator. O roteiro é regular, pegando carona em O Grande Dragão Branco, na época o grande sucesso de Van Damme, quase uma cópia daquele filmaço baseado na vida de Frank Duxx, inclusive como  obrigatória abertura de pernas típica dos primeiros filmes do astro e a uma trilha sonora e musical quase idêntica. Apesar de todas as suas deficiências, o filme está bem acima dos demais do sub-gênero, chgando a ser tão bom quanto os clássicos estrelados por Bruce Lee e cia. Ltda. Disparado não somente um dos melhores filmes do astro, como também de artes marciais, mesmo sendo estrelado por um ocidental. Nota 9,5.



A fórmula deu certo e o filme foi um estouro total, gerando quatro continuações, várias imitações (O Rei dos Kickboxers, Operação Kickboxer: A Nova Era dos Dragões, chegaram a ser exibidos nos cinemas por aqui)  e outros millhares chegaram por aqui tendo o título Kickboxer. Nem mesmo uma continuação da consagrada série American Ninja (o quarto filme foi batizado de O Grande Kickboxer Americano: a Aniquilação dos Ninjas) e de um filme do veterano Jackie Chan (o segundo Armadura de Deus, chegou por aqui com o título Um Kickboxer Muito Louco), escaparam de ser rebatizado por aqui como o nome da modalidade de luta marcial. Curiosamente, as três primeiras continuações, estreladas pelo também carismático ator Sasha Mitchell, o personagem central é David Sloan, irmão caçula dos Sloan. Nada demais se não fosse por um pequeno detalhe: no filme original, em duas cenas, os personagens Van Damme e Alexio revelam-nos que não têm outros irmãos. Os gananciosos produtores deviam achar que nós somos burros ou temos memória fraca.

Em Kickboxer 2 - A Vingança do Dragão, os roteiristas inventaram de matar os personagens de Van Damme, Alexio e da bonitinha Rochelle Ashana, pela mãos de um Tong Po, logo após perder a luta no filme original, metendo bala nos três. A trama do novo filme, David Sloan se vira nos 30 para manter a academia aberta, mas é procurado por um inescrupoloso empresário do submundo do crime (Cary-Hiroyuki Tagawa). Após ter sua proposta negada por Sloan, o cara toca fogo na academia, ferindo Sloan e matando um dos pirralhoss, eu aluno. No hospital, David é visitado por Xian (Dennis Chan) e ficam amigos. A coisa se complica  ainda mais quando surge o terrível Tong Po (Michel Qissi), dando mais uma surra fatal, desta vez num aluno promissor de Sloan. Motivo suficiente para David, chutar o pau da barraca, treinar com antigo mestre do seu irmão e partir para a vingança. Tirando o fato de ser uma continuação desnecessária e com um irmão inexistente no original, o filme está bem acima das várias imitações que pipocaram no começo da década de 1990, com um enredo razoável e um protagonista carismático, no quesito interpretação, apanhando feio do baixinho belga no quesito lutador. Um filminho "B" que diverte e empolga. Nota 7,0.



Mesmo sendo inferior ao primeiro, com o furo grosseiro de um irmão Sloan que não existia e, principalmente, sem Van Damme no elenco, o segundo filme fez um relativo sucesso, engatilhando uma continuação, o interessante Kickboxer 3 - A Arte da Guerra. Na trama, David Sloan e seu treinador Xian, vêm ao Brasil, precisamente no Rio de Janeiro, para uma lutar contra um tosco campeão argentino, e acabam conhecendo e ficando amigos de um casalzinho de irmãos, meninos de rua (o gringuinho Noah Verduzco e a lindíssima brasileira Alethea Miranda). Quando a menina é sequestrada pelo gringo promotor da luta, para forçar David a perder a luta, a dupla treinador e aluno deixam de lado a tal luta e partem com tudo para cima do bandidão. Com a participação de atores brasileiros consagrados como Milton Gonçalves e Gracindo Júnior, pagando micaços em suas carreiras, com personagens inferiores aos seus inegáveis talentos, o terceiro filme da série mantém o mesmo nível do segundo filme sendo ligeiramente superior, mesmo com falhas grossseiras no roteiro. Nota 7,5.



Deveriam terminar no divertido terceiro filme, mas inventaram de prosseguir a série. Em Kickboxer 4 - O Agressor, encontramos um David Sloan preso, seco de vingaça por Tong Po (agora interpretado por Kamel Kifia, numa maquiagem tosca), que absurdamente é o chefe do narcotráfico mexicano. Ao sair da prisão, David participar do torneio organizado pelo vilão, com intuito de acertar contas com ele.  Um filme péssimo com um roteiro medíocre, sequências de ação fraquíssima e um Sasha Mitchell com atuação sofrível. Disparado o pior da franquia. Nem mesmo a exibição de cenas dos dois primeiros filmes, inclusive com Van Damme em ação, conseguem salvar esta merda do desastre total Nota 2,5.



A série ainda ganharia mais um filme, encerrando com Kickboxer 5- A Redenção. Na trama, após a morte do seu mestre David (os roteiristas desta série amam matar os protagonistas dos filmes anteriores), o jovem lutador Matt Reeves (Mark Dacascos, convincente) vai a África do Sul, participar de um torneio secreto, organizado pelo grupo de bandidos que matou seu mestre. O filme consegue recuperar o estrago do quarto filme e encerra bem uma franquia que sequer deveria ter começado, graças ao carisma de Dacascos, que além de ser um ator convicente, luta muito bem. Nota 7,5.



Rick Pinheiro.
Cinéfilo.


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