segunda-feira, 9 de julho de 2012

RECORDAR É REVER: RAMBO (QUADRILOGIA).

Stallone é imortaliza o clássico herói exército de um homem só, num dos personagens mais inesquecíveis da sua carreira e da história do cinema.

Com pouco mais de dois anos da minha vida de blogueiro admito que venho adiando comentar algumas franquias cujo os filmes que as compõem são tão bons e, particularmente, tenho um carinho afetivo por cada um deles, que torna difícil este blogueiro fazer comentários sem fugir a empolgação exagerada, e principalmente, dar notas, determinando a ordem de preferência e quem são os melhores entre eles, a exemplo das franquias Star Wars (principalmente a trilogia original), Duro de Matar, Máquina Mortífera, O Senhor dos Anéis, etc. Em compensação, com o passar do tempo, fui me sentindo mais a vontade a deixar de lado esse medo bobo e a escrever sobre estas franquias tão inesquecíveis para mim. Agora, é a vez da quadrilogia Rambo, imortalizada por Sylvester Stallone, que tanto alegrou a minha pré-adolescência, e que praticamente inaugurou e firmou o sub-gênero dos filmes de ação cujo o personagem central é tão fodástico a ponto de ser um exército de homem só.

No começo dos anos 80, os Estados Unidos ainda viviam o trauma do vexame da patética e infeliz guerra do Vietnã. O cinema até então, evitava tocar na ferida. Em 1982, os produtores Mario Kassar e Andrew G. Vajna resolvem levar às telonas a adaptação o livro First Blood, escrito por David Morrell (também um dos roteiristas do filme, junto com Stallone e outros dois roteiristas), convocando o então astro em ascensão Sylvester Stallone para estrelar o filmaço homônimo que em nosso país recebeu o título de Rambo: Programado para Matar. De forma bastante convicente que até arrancou elogios de boa parte da crítica (o monológo no final do filme, ao mem ver, é um dos melhores momentos interpretativo do ator), Stallone interpreta John Rambo, um veterano do Vietnã que, após a fustração de descobrir que seu amigo, companheiro de guerra, tinha falecido, só queria descansar um pouquinho numa cidadezinha, para depois seguir o seu caminho. Só que inexplicávelmente, o xerife da tal cidadezinha (Brian Dennenhy, num show de interpretação, no melhor personagem da sua carreira) cisma com a cara do herói de guerra e implica com ele, até prendê-lo injustamente. Ao chegar na delegacia, os traumas de Rambo vêm a torna e ele foge do local, se refugiando na floresta. Invocado e se achando com a reputação ferida o paranóico xerife realiza uma verdadeira operação de guerra, sem sequer sonhar com quem tá mexendo.

Com um roteiro muito bem escrito, mesmo fugindo bastante da sua fonte original (no livro, Rambo é morto pelo seu amigo,  Coronel Trautman) uma direção primorosa de Ted Kotcheff (que fez um tímida carreira com filmes bem menores, com destaque apenas para a comédia Um Morto Muito Louco), um trilha empolgante e um elenco afiadíssimo, o primeiro Rambo é disparado o melhor filme da quadrilogia, recebendo bastante elogios também da crítica que o coloca entre os melhores filmes de ação e aventura de todos os tempos. Com ação e suspense na medida certa, Rambo: Programado para Matar é uma verdadeira obra-prima do gênero e mesmo depois de trinta anos, não envelheceu e continua empolgando e  envolvendo. Em síntese, um filmaço de ação de primeira, para ser visto e revisto várias vezes, sem perder a graça. Nota 10,0 é pouca para um dos melhores filmes de ação de todos os tempos.



Curiosamente, no final de Rambo: Programado para Matar, o personagem cometeria suicídio, cena que inclusive chegou a  ser filmada, mas, genialmente, optaram pela prisão do personagem. Com cereza, os realizadores sabiam do portencial do personagem que voltaria às telonas, três anos depois, em Rambo II - A Missão.  Dirigido pelo saudoso George Pan Cosmatos (1941-2005), que um ano depois dirigiu Stallone Cobra, outro clássico do gênero, e com roteiro de Stallone e de um certo James Cameron, o filme inicia com o personagem numa prisão, cumprindo pena pelos estragos que fez no primeiro filme, sendo convocado pelo seu ex-comandante e amigo Coronel Trautman (o saudoso Richard Crenna (1926-2003), no personagem mais inesquecível de sua carreira) para um missão simples: voltar cladestinamente no Vietnã e verificar se ainda havia prisioneiros de guerra por lá. A missão é meramente política e quando Rambo descobre que de fato há prisioneiros por lá, o chefão de toda operação, Muddock (Charles Napier (1936-2011), ótimo, chegando a ser hilário), acaba ordenando que Rambo fique por lá. Capturado e puto da vida por voltar a ser torturado e, principalmente, pela trairagem de Muddock, Rambo chuta o pau da barraca e sozinho detorna com os vietcongues e ainda escapa do local com os prisioneiros, sequinho para acertar as contas com o safado do Muddock.

Tenho um carinho especial por este filme por ser o primeiro filme que eu assistir nos cinemas, na minha pré-adolescência, sozinho, mesmo tendo apenas 11 anos, quando a censura do filme na época era 14 anos (ao contrário de hoje, quando eu era pré  e adolescente, aparentava ser bem mais velho que a idade que tinha). Mas, deixando de lado as minhas lembranças afetivas, o fato inegável é que o filme é o marco inicial do estilo exército de homem só, muito difundido a partir de então e até hoje, na moda e bastante imitado. O roteiro perde feio para o primeiro filme, mas, o filme é tão repleto de ação adrenalitica, com direito a frases de efeitos e sequências de ação inesquecíveis, que consegue ser tão divertido, que muitos fãs acreditam que é o melhor de toda série, apesar da crítica descer o pau no filme que pegou carona no tosco e exagerado nacionalismo norte-americano da Era Reagan. Stallone está perfeito como o durão Rambo, fazendo caras e bocas, numa atuação praticamente robótica, que faz os lendários durões da era da internet Chuck Norris, Jack Bauer e o nosso Capitão Nascimento serem menininhas delicadíssimas. Não é melhor que o primeiro, mas, é compensado pela ação frenética, embalada por um trilha inesquecível, ingredientes suficientes para tornar Rambo II - A Missão, outra obra-prima do gênero, bastante imitado e até hoje insuperável e por isso (e não pelo meu saudosismo) também recebendo deste blogueiro a nota 10,0.



Seguindo a regra do intervalo de três anos e trazendo um novo diretor (Peter MacDonald, em seu único trabalho com diretor), o durão soldado volta à ativa em 1988, em Rambo III. Roteirizado mais uma vez por Sylvester Stallone, em parceria com Sheldon Lettich (responsável posteriormente pelos sucessos iniciais de Van Damme, O Grande Dragão BrancoLeão Branco: O Lutador Sem Lei e Duplo Impacto) a trama começa na Tailândia, com o herói, em busca de paz interior, residindo num mosteiro, só saindo para dar umas porradas num ringue. Visitado por Trautman (Crenna) que o convoca para uma missão no Afeganistão, dominada pelos russos, Rambo não topa, alegando que sua guerra acabou. Mas, acaba mudando de opinião e indo mais uma vez se meter na guerra dos outros, quando o seu melhor amigo é capturado, contando com a ajuda de alguns afegões, que sofrem, mas resistem bravemente contra os invasores rusos.

Mantendo o mesmo ritmo de ação frenética do filme anterior, Rambo III tem um roteiro ainda mais fraco que os filmes anteriores, e que mais uma vez é salvo pelas eletrizantes sequências de ação, muito bem realizadas. Curiosamente, Stallone, no auge de sua forma física, dispensa dublê e realiza ele próprio algumas sequências mais perigosas, como naquela em que os russos atacam uma aldeia afegã e o helicoptéro passa a poucos centímetros da cabeça do astro, montando num cavalo, e em outra que o astro se mete e passeia debaixo de um tanque. Bastante malhado pela crítica, Stallone ainda sofre o constrangimento da época que o filme ter sido lançado a ex-União Soviética já ter tirado as tropas do Afeganistão. A pseudo-denúncia política pode ter falhado, mas, o filme fez um bem danado a Stallone (saído chifre constrangedor que tinha recebido de Brigitte Nielsen com sua secretária) que encheu o bolso de grana, pois, além de na época ele ser o ator mais bem pago do mundo, ainda embolsou parte da bilheteira estrondosa que o filme fez mundo à fora. Particularmente, gosto muito deste filme, o primeiro que eu me lembre que eu enfrentei uma fila quilométrica, assistindo-o no saudoso cinema São Luiz, e que de vez em quando, o SBT exibe. Nota 9,5.



Depois do enorme sucesso da retorno de Rocky Balboa às telonas, Stallone resolve tirar o veterano John Rambo da aposentadoria, exatos vinte anos depois do último filme. Dirigido pelo próprio Stallone, Rambo IV traz o personagem vivendo na Tailândia, com uma rotina pacífica resumida a caçar cobra para vender a circo locais e, de vez em quando, prestar serviço no seu barquinho. É quando é procurado por um grupo norte-americanos de missionários cristãos que o contactado para levá-los a vizinha Birmânia que sofre com uma terrível e sem fim guerra civil. Mesmo contra-gosto e apenas para agradar a única moça do grupo, o veterano aceita levá-los. Os otários são capturados e, semamana depois, Rambo é procurado pelo pastor da Igreja que comunica o ocorrido e o pede para levar um grupo de mercenários para resgatá-los. Evidente que Rambo não se conforma apenas com a função de barqueiro e passa a fazer, de forma ainda mais exterma a única coisa que sabe fazer na vida: detornar com um exército inteiro de toscos vilões.

Pegando elementos de filmes anteriores da franquia como o desejo de voltar para casa do personagem e seus traumas (estes originam uma curta, mas empolgante sequência, com cenas dos filmes anteriores) do primeiro filme, o cenário e a caracterização do exército de vilões idêntica do segundo, e um fato da vida real como forma de pseudo-denúncia do terceiro, o filme tem um roteiro ainda mais fraco que os anteriores, apenas como mera desculpa, para o personagem detornar com os vilões. Stallone pisa na bola, exagerando na dose de cenas violentas, abusando da carnificina e amputações de membros, que tornam o filme o mais violento da série, fazendo que o anterior, eleito pelo Guiness Book nos anos 90 como o mais violento de todos os tempos, ser bobo e infantil. Provavelmente, Stallone quis conquistar uma fatia mais jovem do público, acostumada com os games violentes e as podreiras da franquia Jogos Mortais e seus similares. Mas, em compensação, acerta em cheio ao trazer parte da trilha do primeiro filme e a dá um desfecho digno e emocionante ao herói, um final perfeito, que pode vim a ser o começo, já que rumores de um quinto filme não param de pipocar. Apesar dos exageros violentos, Rambo IV mantém o bom nível de ação empolgante da franquia. Pode não ser uma obra-prima como os dois primeiros, mas, é um filmaço de ação eletrizante e divertido, mesmo apelando um pouco para à podreira trash. Nota 9,0.



Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

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