sexta-feira, 23 de julho de 2010

O BEM AMADO.

Hoje estreia no cinema de todo Brasil, O Bem Amado, o terceiro filme que eu estava, desde do ano passado, ansioso para ver (os outros dois são Os Mercenários, e o remake de Karatê Kid, que deveria se chamar Kung Fu Kid). Não me contive e corri, literalmente falando, para assistir a primeira sessão no cinema próximo da minha casa. Infelizmente, ao chegar lá, pela morosidade de sempre do Cine Maceió (uma bilheteria, com uma atendente apenas), fui obrigado a comprar ingresso para a segunda sessão. Enquanto esperei, comprei minha primeira camiseta do Pânico, voltei para casa, tirei um cochilo e voltei ao cinema.

Enfim, depois de uma fila imensa para comprar a obrigatória pipoca com Coca Cola, finalmente, entrei no cinema, para ver o tão esperado filme para mim. Após assistir vários trailers, entre eles, de dois filmes brasileiros (400 x 1: a história do Comando Vermelho e Tropa de Elite 2), O Bem Amado começou a ser exibido. Confeso que tiver que contei a emoção, ao ver a primeira cena, filmada justamente no Centro da Cidade de Marechal Deodoro, onde por várias vezes estive em missão, com o meu irmão e parceiro de missão Paulo Avatar Carioca.

Acabei de chegar do cinema e vim logo aqui para fazer os meus comentários sobre este filme. Na verdade os farei sobre pontos de vista diferentes. No geral, o filme me agradou em vários aspectos, mas também me decepcionou em vários, o que me fez sair do cinema um pouco fustrado, e preocupado com os outros dois filmes que estou ansioso para assistir, me fustrar também. Vamos aos comentários.

O filme como critíca a classe política e conscientização para abrirmos o olho com a nossa classe política é perfeito. Cabe muito bem em ano eleitoral. Esse filme precisa ser exibido em praça pública, para o povão ver como é enganado pelos péssimos políticos. Com certeza, é o melhor filme brasileiro que já fizeram criticando a classe política. Superou a cena clássica do final da novela Vale Tudo, onde o personagem corrupto de Reginaldo Faria vai embora do Brasil dando uma bela banana. O mais incrível é que um filme tão satírico e conscietizador político tenha como um dos produtoras, a Globo Filmes. Mesmo com a história se passando nos anos 60, no período pré-ditadura, impossível não reconhecemos que as maracutais de Odorico e do seu rival de oposição, o esquerdista Vladimir, que inclusive no filme, usa o seu jornal até para inventar histórias para prejudicar o seu rival (uso da imprensa nas mãos de político? acho que postei algo sobre isso esta semana. rsssss...). Em síntese, em questão de satírica política, o filme é nota 10.

Sobre o roteiro é razoável. Além da já citada critíca, tem também diálogos interessantes e engraçados, e uma criativa junção de ficção com fatos reais (no caso o período pré-golpe). Uma falha do roteiro foi ter alongado demais o filme, explorando a exaustão a mesma situação cômica, tornando estas muitas vezes repetitivas e sem graça. Outro ponto fraco do roteiro foi a valorização exagerada ao personagem Odorico, perfeitamente interpretado por Marco Nanini, deixando de lado os demais personagens, e consequentemente não aproveitando o elenco de excelentes atores.
  
Sobre o elenco, todos estão de parabéns, apesar de serem mal aproveitados, desperdiçando feras como Matheus Nachtergaele, que fez um Dirceu Borboleta bastante limitado e  inferior ao seu talento, totalmente diferente ao clássico personagem interpretado magistralmente por Emiliano Queirós, na TV. O casalzinho Caio Blat e Maria Flor (aliás, ela está tão estupidamente linda, que quase me apaixonei por ela), mostraram uma química excelente, só que mal aproveitados num roteiro, que devia ter explorado melhor, resumindo-se ao romacinho barato, na belíssima Praia do Gunga, deixando-se com saudades de outros casalzinhos dos filmes do Guel Arraes, como Chicó e Rosinha (O Auto da Compadecida) e Leléu e Lisbela (Lisbela e o Prisioneiro).

Em compesação, mesmo com os personagens limitados, José Wilker e Edmilson Barros, roubam a cena, interpretando Zeca Diabo e o bêbado/coveiro Chico Moleza. Interpretações tão perfeitas, que chegam a ofuscar o brilhante Nanini, que domina todoo filme. Apesar da super-valorização ao seu personagem  Odorico, as clássicas Irmãs Cajajeiras interpretadas pelo trio de excelentes atrizes Drica Moraes, Zezé Polessa e André Beltrão, são bem aproveitadas no roteiro. Em relação ao elenco, outra nota dez. Todos estão perfeitos, mesmo com as limitações que eu já mencionei.
Apesar de toda essa qualidade de elenco e roteiro, particularmente, achei o filme sem graça, rindo em poucas cenas, mesmo sendo  uma comédia pasterão com roteiro inteligentemente engraçado e bem interpretado. Faltou uma direção mais enérgica e criativa, que explorasse melhor o casamento perfeito roteiro engraçado e excelentes atores, algo que o próprio Guel fez perfeitamente nos engaçadissimos O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro. O Bem Amado tinha tudo para superar estas clássicas comédias.

Outro ponto fraco, e comum aos filmes produzido pela Paula Lavigne (leia-se Sra. Caetano Veloso), é a trilha musical, a pior de todos os outros filmes da dupla Lavigne/Arraes. Deviam ter utilizados as gravações originais, ao invés de regravá-las. Estas novas versões chegam até ser mais bosta que as versões insossa  de de Espumas ao Vento e Você não me ensinou a te esquecer, ambas da trilha de Lisbela.

Por fim, a inevitável comparação entre a novela/série original e o filme. Fiz questão de deixar por último porque ambos tem a sua qualidades, apesar da primeira ser superior ao filme. Sobre a caracterização dos personagens, o filme acertou em fazer um Odorico mais canalha, safado, cara-de-pau (contribuição dos escandâlos dos nosss políticos que tornaram Odorico até santino em comparação a àqueles), com as Irmãs Cajajeiras, transformadas em peruas fogosas, ao invés das beatas fogosas do original, e com o Jornalista/opositor de Odorico, Vladimir, que para ser sincero eu não lembro no seriado. Erraram feio com a caracterização do jornalista Neco Pedreira, que no original era um jornalista investigativo e principalmente do  Zeca Diabo, que no original era um personagem bem mais engraçado, interpretado por Lima Duarte. Ainda bem que o José Wilker superou esta limitação do roteiro e fez um excelente personagem, sendo sem dúvida, o melhor ator de um elenco tão excepcional.
  
Em síntese, um filme acima da média, que merece ser visto e revisto, principalmente em ano de eleição, mas que deveria ter aproveitado melhor o elenco de primeira, como soube aproveitar as belíssima locações em Marechal Deodoro e Praia do Gunga. 

Rick Pinheiro.
Feliz e orgulhoso por ver Alagoas na tela do cinema.

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